19ª MEDALHA 18 DE JANEIRO: DENISE LEAL

 

Maria Denise Barbosa Leal é natural de Pernambuco. Formou-se em Serviço Social e atuou no Presídio Paulo Sarasate de Fortaleza (hoje extinto), onde exerceu o papel de assistente social. Desenvolveu um trabalho significativo na defesa e preservação dos direitos sociais, garantindo os direitos humanos na execução das penas pelo Estado.

Na época, o país vivia sob o jugo da ditadura militar, e muitos detentos eram jovens e trabalhadores que lutavam em suas comunidades pela democracia, sendo considerados "presos políticos". Foi durante esse período que Denise conheceu o líder camponês Manoel Conceição entre os presos políticos, com quem teve uma duradoura relação afetiva. Viveu com ele no exílio de 1975 a 1979, até a anistia ser estabelecida, dando à luz sua única filha, Mariana Leal.

Ao retornar do exílio, Denise empenhou-se em fundar, junto com seu companheiro, o Centro de Educação e Cultura dos Trabalhadores Rurais (CENTRU), primeiro em Pernambuco e posteriormente no Maranhão, onde se formou em Direito pela Universidade Federal do Maranhão. Sua intenção era contribuir ainda mais para a efetivação da luta do CENTRU.

Denise teve um papel fundamental na estruturação do trabalho de base do CENTRU, com foco especial nas mulheres das comunidades e nas militantes dos sindicatos dos trabalhadores rurais. Buscou sua emancipação e reconhecimento como sujeitos políticos importantes na luta pela reforma agrária. Esse olhar despertou insatisfação entre os companheiros acostumados com a ausência de voz das mulheres nos espaços de poder e decisão do movimento, bem como em suas relações pessoais.

Contribuiu para a consolidação do CENTRU, organizando cooperativas de trabalhadores rurais e fornecendo formação política para sindicalistas. Como advogada, dedicou-se a muitas causas jurídicas de camponeses pobres, sem cobrar honorários.

Participou do Conselho de Direitos da Mulher de Imperatriz e intervém nos movimentos sociais em prol de políticas públicas nos últimos anos. Nos últimos 10 anos, foi militante do Centro de Direitos Humanos Pe. Josimo, fazendo parte da Coordenação Geral da entidade. O Centro desempenha um papel crucial na defesa dos direitos humanos dos segmentos mais excluídos da sociedade, lutando por políticas públicas de qualidade, denunciando desvios e malversação de dinheiro público, violações de direitos humanos em instituições públicas e privadas, além de acolher demandas individuais de pessoas em situação de vulnerabilidade.

Aos 83 anos, apesar das limitações, Denise mantém-se fiel aos seus princípios e valores por um mundo justo, solidário e digno. Está disponível para contribuir com o desenvolvimento das ações do Centro e posiciona-se ativamente na defesa da democracia e na verdade em sua militância digital.

Pelo compromisso e dedicação à dignidade humana, a militância do Centro de Direitos Humanos aprovou, por unanimidade, homenageá-la com a 15ª Medalha 18 de Janeiro. Esta honraria é outorgada estatutariamente no Centro de Direitos Humanos em reconhecimento à sua contribuição para efetivar a Declaração Universal dos Direitos Humanos ao longo de toda sua vida.