Mulheres assassinadas em Imperatriz do Maranhão nos últimos três anos


            
Imagem capturada na Internet - Paulo Miranda - Mulher Voando

Conceição Amorim*

            A violência contra a mulher é cotidiana, naturalizada e justificada na maioria das vezes por amplos setores da sociedade. Neste artigo identificaremos as mulheres assassinadas na cidade de Imperatriz nos últimos três anos, seus algozes, a motivação e situação dos mesmos perante a justiça por praticarem tais crimes, conforme informações da mídia eletrônica local, todas identificadas com seus respectivos links.  
            
           No ano de 2017, sete (07) mulheres foram assassinadas no município de Imperatriz-MA.  Seis (06), por seus companheiros ou ex-companheiros e uma por um sobrinho que ela acolheu, o que os qualificam como feminicídio, por se tratar de violência de gênero, todos os crimes são permeados de menosprezo ou discriminação à condição de mulher, as motivações do delito representam a subjetividade que qualifica o feminicídio.

            As vitimas tem nome e sobre nome, assim como os assassinos, são elas:

  18 de fevereiro 2017 - Antônia Cláudia Ferreira Dias, 32 anos - seu companheiro Marcos da Silva Brito, preso, confessou o assassinato.

2.    17 de março - Marlene Dutra Oliveira 30 anos - seu companheiro identificado por Francisco Araújo dos Santos,  preso, confessou o crime.

3.    31 de maio - Maria Divina Sobrinho Lima, 62 anos - assassinada pelo sobrinho.

4.    19 de maio – Andressa de Oliveira Araújo, 19 anos – assassinada pelo ex-marido, Adriano Alves de Oliveira, o mesmo foi preso e confessou o crime.

5.    03 de setembro – Maria Raimunda Silva de Oliveira, 51 anos - seu companheiro Antônio Osmar de Sousa, 68 anos é o principal suspeito, e estava foragido.

6.    23 de outubro – Edneuda Alves Matos, 45 anos - Assassinado pelo marido Joacir da Silva Matos, 54 anos, foi preso.http://www.oprogressonet.com/policia/cento-e-tres-pessoas-foram-assassinadas-em-imperatriz-esse-ano/86784.html
7.    
    03 de novembro - Maria Jeane Pereira Rodrigues, 40 anos - assassinada a tiros pelo ex-namorado, Francisco das Chagas que se suicidou em seguida.
            
O Ano de 2018, a cidade de Imperatriz – MA perdeu para a violência de gênero, 05 mulheres conforme as noticias abaixo identificadas com seus respectivos links, três são homicídios com qualificadora de Feminicidio e 02 crimes vinculados a violência urbana, sendo as vitimas:
1.    
    01 de janeiro - Gisleia Silva 32 – Assassinada após tentativa de assalto, o assassino foi preso e confessou o crime.

2.     04 de março - Alveni Leite Lima – assassinada pelo ex-companheiro, Antônio Ferreira da Silva, 52, preso confessou o crime.

3.    03 de julho – Erika Camila - Adolescente assassinada pelo ex-namorado, Gabriel Everton Fontes da Silva, 19 anos.

4.    15 de novembro - Dagmar Alves de Oliveira, 38 anos – Suspeita de envolvimento com trafico de droga, executada por dois homens na porta de sua casa.

5.    18 de setembro - Jaine Ferreira Oliveira, 18 anos - alvejada com um tiro na cabeça, desferido pelo companheiro identificado por Jocélio Kerllyson Pereira Dantas, 39 anos.
            

Em 2019 seis mulheres foram assassinadas em Imperatriz, sendo 03 feminicídios, mulheres assassinadas por namorado e ex-companheiros e 03 homicídios motivados por latrocínio, uso de drogas e ou desentendimento, conforme informações dos órgãos que noticiaram os fatos.
1.    
    20 de janeiro – Carina Silva Sousa, 24 anos - assassinada por, Hemerson Vieira Correia, que conheceu por meio de um aplicativo de celular e mantinha um relacionamento.

2.    04 de janeiro – Maria Kezia, 23 anos – assassinada por pessoa em situação de rua após discussão.

3.    12 de junho – Delmira Stefany Silva Barroso, 16 anos – assassinada pelo ex-companheiro Jorge Denis Feitosa Macedo, 20 anos.

4.    13 de junho - Mariceu Evangelista Dutra, 55 anos – encontrada esfaqueada em casa, suspeita de assalto. 

5.    14 de agosto - Tatiane Santana Gomes, 26 anos - o crime foi praticado por Antônio da Silva Nascimento, 39 anos, desafeto de seu marido. 



                 A cada ano respectivamente: 2017 - 07 mulheres foram assassinadas, em 2018 -  05  e  em 2019- foram 06 . Portanto em três anos 18 mulheres foram assassinadas, sendo 13 homicídio com qualificadora, de feminicídios,  e 05 homicídios sem qualificadora. 

              Um elemento importante por parte do estado é a efetivação da prisão da maioria dos assassinos. Dos 13 feminicidios ocorridos nos últimos três anos, em pesquisa recente na rede mundial de computadores, a imprensa local dá conta de 11 prisões, um assassino foragido e um suicida. Portanto, a maioria dos assassinos de mulheres de Imperatriz  foram presos de acordo com os  noticiários aqui referenciados, sendo ou não feminicidio. Isso é positivo.
            No entanto a fragilidade das politicas públicas existentes na cidade comprova a incapacidade do mesmo de evitar os crimes de feminicídio, esta é uma realidade objetiva, que tem haver com a falta de politicas preventivas, da ausência dos órgãos e instituições nas comunidades, periferias, escolas, instituições religiosas etc., motivada pela manutenção de equipes ínfimas, que só dão conta de atender quem procurou espontaneamente os serviços ou os serviços foi até ela depois da fatalidade.
            Ficando uma massa imensa de cidadãs, contribuintes, trabalhadoras formais e informais a mercê da sua própria sorte, ou melhor, azar, ao naturalizar e romantizar relacionamentos afetivos  abusivos  sem ter  nos serviços de saúde, de assistência social ou educação qualquer oportunidade de ser alertada, acolhida, ouvida e orientada para romper com os costumes e valores culturais que impõe as mulheres falsas crenças e responsabilização de sua condição de oprimida, descriminada, dominada e desrespeitada na sua essência humana, simplesmente pelo fato de ser mulher.
Para  superar tais fragilidades os governos, municipal e estadual e as instituições  necessitam: 

Ampliar o número de Delegacias Especializada da Mulher no município;
Manter a  DEM  existente no centro da cidade,  ampliar o efetivo da mesma, cumprindo a norma técnica de funcionamento das DEMs  brasileiras. 
www.biblioteca.presidencia.gov.br › secretaria-de-politica-para-mulheres



Ampliar os serviços do Centro de Referência e Atendimento a Mulher - CRAM;
Reestruturar a Casa Abrigo Drª Ruth Noleto e mante-la  sob a coordenação da Secretaria Municipal de Politica para a Mulher;
Criar a equipe multiprofissional especializada em violência contra a mulher, do Ministério Público Estadual e  da Defensoria Pública Estadual;
Ampliar a equipe multiprofissional especializada em violência domestica e familiar da Vara Especializada em violência doméstica e familiar contra a mulher;
Implantar o Centro de Atendimento ao Agressor. 

É hora de dá um basta nas politicas públicas efetivadas pela metade .
Por mim, por nós e pelas outras! Nenhuma a menos! Por políticas públicas de qualidade!

 *Assistente Social, pesquisadora, militante feminista e dos direitos humanos, Pres.do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Coord. do Centro de Direitos Humanos Pe. Josimo, membro do Fórum de Mulheres de Imperatriz e da Articulação de Mulheres Brasileira.

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