Crise climática e Direitos Humanos: um chamado à responsabilidade coletiva
A crise climática não é um fenômeno abstrato nem um problema restrito ao futuro. Ela já impacta diretamente a vida de milhões de pessoas, especialmente aquelas que vivem em contextos de maior vulnerabilidade social, econômica e territorial. Para o Centro de Promoção da Cidadania e Defesa dos Direitos Humanos Padre Josimo, enfrentar a emergência climática é parte indissociável da luta pela defesa da vida, da dignidade humana e dos direitos coletivos.
O efeito estufa, essencial para a manutenção da vida no planeta, vem sendo intensificado pelas ações humanas, em especial pela queima de combustíveis fósseis, pelo desmatamento, pelas queimadas e pela degradação ambiental. Esse processo tem provocado o aquecimento global, amplamente reconhecido pela ciência e sistematizado nos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). A crise climática, portanto, não é fruto do acaso, mas de escolhas políticas e econômicas que priorizam o lucro em detrimento da vida.
Os impactos das mudanças climáticas não se distribuem de forma igualitária. A desigualdade define quem sofre primeiro e com maior intensidade. No Maranhão e na Região Tocantina, território histórico de atuação do Centro de Direitos Humanos Pe. Josimo, os efeitos da crise climática se manifestam na insegurança alimentar, nos conflitos socioambientais, na contaminação de rios e territórios, na violação de direitos de povos indígenas, comunidades quilombolas, camponesas e ribeirinhas, além do agravamento das desigualdades nas áreas urbanas periféricas.
Eventos climáticos extremos, como enchentes, secas prolongadas e ondas de calor, tornaram-se mais frequentes e intensos. As grandes inundações que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024, afetando mais de um milhão de pessoas, evidenciam a fragilidade das políticas de prevenção e adaptação no Brasil. Esses episódios não podem ser tratados como desastres naturais inevitáveis, mas como consequências diretas de um modelo de desenvolvimento excludente e ambientalmente insustentável.
Nesse contexto, cresce também o número de migrantes e refugiados climáticos, pessoas forçadas a deixar seus territórios devido à degradação ambiental e a eventos extremos. Esses deslocamentos, muitas vezes invisibilizados, representam graves violações de direitos humanos e expõem a ausência de políticas públicas capazes de garantir proteção, acolhimento e dignidade às populações afetadas.
Ao mesmo tempo, é fundamental reconhecer o papel estratégico dos povos e comunidades tradicionais na preservação ambiental e na estabilidade climática. Territórios indígenas e tradicionais estão entre as áreas mais preservadas do país e funcionam como verdadeiras barreiras contra o desmatamento e a degradação dos biomas. Defender esses territórios é uma medida concreta de enfrentamento à crise climática e de promoção da justiça ambiental.
A atuação do Centro de Direitos Humanos Pe. Josimo se insere nesse compromisso histórico de defesa dos territórios, fortalecimento das organizações populares, denúncia de violações de direitos e incidência política em favor de um modelo de sociedade justo e sustentável. Não há solução para a crise climática sem enfrentar as desigualdades estruturais que a produzem e a aprofundam
Enfrentar a emergência climática exige ações concretas: redução efetiva das emissões de gases de efeito estufa, proteção dos ecossistemas, transição justa para energias renováveis, políticas públicas de adaptação e mitigação, e participação ativa das comunidades diretamente impactadas. A crise climática é, antes de tudo, uma crise de direitos humanos.
Defender o meio ambiente é defender a vida. A omissão diante da crise climática aprofunda injustiças históricas e compromete o futuro das próximas gerações. A justiça climática deve ocupar o centro do debate público e das decisões políticas, como condição indispensável para a construção de uma sociedade democrática, solidária e comprometida com a dignidade humana.
Em defesa dos direitos humanos, dos territórios e da justiça socioambiental
Centro de Promoção da Cidadania e Defesa dos Direitos Humanos Padre Josimo – CPCDDHPJ
Imperatriz – Maranhão




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