19 anos da Lei Maria da Penha, 40 anos da 1ª Delegacia da Mulher dois marcos históricos e um presente de descaso

Há 40 anos, o Brasil celebrava um avanço monumental na luta pelos direitos das mulheres: a criação da primeira Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) em São Paulo. Era 1985, e aquele era um momento histórico de esperança em meio a uma sociedade ainda mais machista, abrindo as portas do sistema de segurança para a denúncia de crimes de gênero. Quatro décadas depois, a pergunta que não quer calar é: o que realmente avançou?

 

A realidade, infelizmente, é alarmante. Apenas 10% dos municípios brasileiros contam com uma DEAM, deixando a vasta maioria das mulheres desassistidas. Para agravar, desses poucos equipamentos, menos de 40% funcionam 24 horas por dia, contrariando a legislação que exige o atendimento ininterrupto. As promessas de proteção se tornam vazias quando a porta da delegacia está fechada ou simplesmente não existe.

 

Hoje, 07 de agosto de 2025, a Lei Maria da Penha, considerada uma das mais completas do mundo, completa 19 anos. No entanto, sua efetividade é constantemente sabotada pela falta de estrutura. A lei prevê um ciclo de proteção que começa justamente na delegacia, com o registro da ocorrência e a solicitação de medidas protetivas. Sem a presença de DEAMs, essa engrenagem de proteção é interrompida antes mesmo de começar. É impossível garantir a segurança das mulheres e combater o feminicídio sem esses equipamentos fundamentais.

 

O descaso com a expansão das DEAMs é um sinal claro de que a vida das mulheres não é uma prioridade na agenda política brasileira. O Estado, que deveria ser o principal garantidor de direitos, falha sistematicamente em sua missão. A falta de investimento em segurança pública para mulheres é, na verdade, um incentivo à impunidade, reforçando a cultura de que a violência de gênero é aceitável.

 

É urgente que os governos se unam para reverter este cenário. A comemoração dos 40 anos da primeira DEAM não deve ser apenas uma celebração de um passado vitorioso, mas um chamado à ação para um futuro de mais segurança e justiça. A expansão e o fortalecimento das Delegacias da Mulher não são um luxo, mas uma necessidade vital para a efetivação da Lei Maria da Penha e para a construção de um país onde todas as mulheres possam viver livres de violência.

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