Nova Conquista: Uma história de luta pelo direito à moradia digna em Imperatriz

 

Imagem da reunião preparatória para a reintegração
 de posse no dia 12 de Novembro

Onde antes havia um matagal, hoje existe uma comunidade que luta por seus direitos e constroi um futuro sustentável.

Dezenas de casas erguidas ao longo de uma década contam a história de resistência das mais de 200 famílias que ocupam o terreno próximo à Vila Machado, em Imperatriz. O que antes era um local de difícil acesso, hoje é a ocupação Urbana de Nova Conquista, uma comunidade construída com a força e a esperança de quem busca o direito fundamental à moradia.

No dia 12 de novembro, o Centro de Direitos Humanos Padre Josimo foi convidado a participar de uma reunião preparatória para a reintegração de posse que ameaçava a comunidade. A desocupação, prevista para o dia 19, gerava grande apreensão, pois não havia um plano habitacional para essas famílias, o que configura uma grave violação de direitos humanos.

Durante a audiência, Conceição Amorim, coordenadora do Centro, ressaltou que as moradias são fruto de anos de luta e que a comunidade, além de construir suas casas, também se organizou para garantir infraestrutura básica. Diante da impossibilidade de arcar com os altos custos de aluguel em Imperatriz, a desocupação significaria um duro golpe para essas famílias, que não têm para onde ir. A coordenadora destacou  a responsabilidade dos poderes  públicos municipal e estadual na inclusão dessas famílias em programas sociais e habitacionais. 

"Eu morava na beira de uma encosta, numa lagoa. Minha casa enchia sempre que chovia. Podia ser a chuva pouquinha que fosse e a casa enchia de água. Eu saí daquele local para estar aqui hoje neste, fui abraçada pela comunidade e é um lugar onde eu quero construir a minha família, onde eu quero criar meus filhos", relata Poliana Oliveira, moradora de Nova Conquista, com a voz embargada pela emoção.

A história de Nova Conquista remonta a 2015, quando um grupo de pessoas decidiu ocupar a área de mata fechada. Jocelya Vieira, presidente da Associação de Moradores, conta como os moradores se uniram para construir suas casas, inicialmente improvisadas com palha e tecido. Com o tempo, a ocupação cresceu, ganhou casas mais estruturadas, igrejas e até uma creche que atende de 15 a 20 crianças por dia, administrada pelas próprias mães da comunidade.

A desocupação foi suspensa por ação da Defensoria Pública Estadual junto à Comissão Agrária do Tribunal de Justiça do Maranhão. No dia 19 de novembro, o Centro visitou a comunidade, celebrou a suspensão e reafirmou seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e humano da ocupação.

Nova Conquista: um exemplo de cidadania e sustentabilidade.

Acreditamos que Nova Conquista tem um potencial que vai além da resistência. A comunidade já desenvolve iniciativas inspiradoras como a arborização da ocupação, a construção de hortas e estão começando o debate sobre a separação de resíduos orgânicos e recicláveis. Essa última ação, além de promover a sustentabilidade, abre caminho para parcerias com catadores e futuros esforços de coleta seletiva, integrando a comunidade a uma economia circular que gera renda e preserva o meio ambiente.

"A nossa comunidade tem prestado serviços para a sociedade, que muitos bairros e muitas organizações do povo não têm. Nós temos um olhar diferente para as pessoas, conseguimos sentir a dor que elas sentem, então eu acredito que Imperatriz merece uma comunidade como a nossa, que abraça outras pessoas, que está aqui por pessoas”, ressalta Poliana.

No dia 07 de dezembro, o Centro, com o apoio do Instituto Equit e o Programa Vozes pela Ação Climática Justa - VAC, promoveu uma série de atividades na comunidade, com o objetivo de debater várias questões sociais e ambientais. Além de conhecer a área, foram realizadas palestras e exibição de vídeos abordando temas essenciais como o direito à terra e à moradia, a separação do lixo, a reciclagem, a arborização urbana e as mudanças climáticas. Atividades recreativas foram organizadas para as crianças e mudas e sementes foram distribuídas para os moradores com a intenção de impulsionar a arborização e criação de hortas no bairro.

O Centro de Direitos Humanos Padre Josimo se orgulha de caminhar lado a lado com a comunidade Nova Conquista na luta por um futuro digno, sustentável e em harmonia com seus direitos. Persistimos no nosso compromisso de continuar lutando por uma cidade mais justa e solidária, onde cada cidadão tenha garantido o direito à moradia, um direito humano elementar.